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    Lula organiza jantar para Xi Jinping enquanto bastidores do Planalto tentam conter tensões com os EUA


    Nesta quarta-feira (20), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva será anfitrião de um jantar no Itamaraty para o presidente da China, Xi Jinping, marcando mais um capítulo no estreitamento das relações entre Brasil e China. O evento, no entanto, ocorre em meio a preocupações nos bastidores do Planalto sobre o impacto desse alinhamento na já complexa relação do Brasil com os Estados Unidos, especialmente com o presidente eleito Donald Trump.

    A situação ganhou novos contornos após uma polêmica envolvendo a primeira-dama Janja, que, no último sábado (16), durante o evento do G20 no Rio de Janeiro, disparou contra Elon Musk, proprietário do X e futuro integrante do governo Trump: “Fuck you (vá se foder), Elon Musk”. O comentário gerou repercussão internacional, adicionando mais um ponto de tensão à diplomacia brasileira.

    Equilibrando relações com pragmatismo

    Fausto Pinato (PP-SP), presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, ressaltou a importância estratégica do jantar e detalhou os preparativos. Segundo ele, a visita de Xi Jinping representa uma oportunidade para reforçar a relação comercial e política com a China, maior parceira comercial do Brasil, sem negligenciar os interesses com os EUA.  

    “A visita gera expectativa sobre como serão as relações. Sabemos da importância dos EUA, precisamos de boa relação. Mas a China é a maior parceira, não podemos ficar presos em narrativas de democracia versus liberdade etc.”, afirmou o deputado.  

    Para evitar polêmicas, Pinato adotou um critério cauteloso ao convidar parlamentares de diferentes espectros políticos: “Convidei quem não faz confusão. Não agiriam nem como a Janja nem como os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro”. Segundo ele, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, solicitou uma lista de nomes para compor o evento de maneira equilibrada e pragmática.

    Lula busca apaziguar clima com Trump

    Nos bastidores, Lula tem se esforçado para reduzir as tensões com os Estados Unidos após o episódio envolvendo Janja. O presidente, que havia declarado apoio à candidata Kamala Harris na disputa presidencial, evitou comentários inflamados sobre Trump, enfatizando que deseja construir uma relação de respeito mútuo.  

    “Essa é uma campanha em que a gente não tem que ofender ninguém, não temos que xingar ninguém. Nós precisamos apenas indignar a sociedade”, disse Lula, relembrando sua boa relação com o ex-presidente George W. Bush.  

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    Lula destacou ainda que, em 2003, muitos previam dificuldades na relação entre um governo petista e a administração republicana de Bush, mas os dois mantiveram um diálogo produtivo. Agora, o presidente brasileiro espera repetir a dose, apesar das diferenças políticas e ideológicas com Trump.  

    China e EUA: o desafio do equilíbrio

    O jantar com Xi Jinping é mais uma demonstração de como Lula busca posicionar o Brasil como um ator relevante no cenário internacional, capaz de dialogar com diferentes potências. No entanto, o equilíbrio entre as relações com China e EUA continua sendo um dos maiores desafios da diplomacia brasileira.  

    Enquanto Xi Jinping será recebido com um jantar cheio de simbolismos no Itamaraty, o governo Lula tenta demonstrar maturidade e pragmatismo para não alienar os Estados Unidos, sobretudo em um momento de mudanças políticas sensíveis na maior potência mundial.

    (Redação - Cidades em Evidência)

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