Belém (PA) – O bispo emérito Dom José Luís Azcona Hermoso, de 84 anos, faleceu nesta quarta-feira (20/11), em Belém, onde estava internado desde o dia 28 de outubro devido a um câncer de pâncreas. Reconhecido internacionalmente por sua luta contra o abuso sexual de crianças e adolescentes na Ilha do Marajó, no Pará, Dom Azcona deixa um legado de coragem e defesa dos direitos humanos.
Segundo informações da Prelazia do Marajó, o sacerdote estava em tratamento paliativo após o diagnóstico de câncer no pâncreas, recebido em junho de 2024. Na ocasião, ele foi hospitalizado devido à baixa de sódio no sangue, quando exames detectaram a lesão no órgão. De julho a agosto, Dom Azcona passou mais de um mês internado para controle clínico, mas seu estado de saúde se agravou, impossibilitando intervenções cirúrgicas ou tratamentos curativos.
>> Entre em contato conoscoUma vida de luta e fé
Nascido em 28 de março de 1940, em Pamplona, na Espanha, Dom José Luís Azcona chegou ao Brasil para dedicar sua vida à Igreja e à proteção dos mais vulneráveis. Nomeado bispo titular da Prelazia do Marajó em 1987, ele permaneceu à frente da instituição até 2016.
Seu trabalho destacou-se pelo enfrentamento à exploração sexual infantil na região do Marajó, uma das mais pobres do Brasil. Em 2015, Dom Azcona denunciou publicamente que crianças eram exploradas sexualmente com o consentimento de suas famílias, especialmente em embarcações que navegavam pelos rios da região. A denúncia gerou grande repercussão e impulsionou medidas de combate ao problema.
Em 2009, sua atuação foi decisiva para a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia, tanto no Congresso Nacional quanto na Assembleia Legislativa do Pará. Suas denúncias e trabalho o colocaram sob constante ameaça de morte. Em 2008, foi listado entre as três lideranças católicas mais ameaçadas do estado.
“Eu sou consciente de que podem me matar, mas eu não posso tolerar mais que esse fenômeno tão triste aconteça diante da minha cara”, afirmou à época, reforçando sua determinação frente aos riscos pessoais.
Legado de justiça e proteção
Dom Azcona será lembrado como uma voz profética e incansável na defesa dos mais vulneráveis. Seu compromisso com a justiça social e a proteção da dignidade humana marcou profundamente a história da Prelazia do Marajó e da Igreja no Brasil.
A Prelazia ainda não divulgou detalhes sobre as cerimônias fúnebres, mas manifestações de pesar já começaram a chegar de líderes religiosos, políticos e organizações que reconhecem a contribuição histórica do bispo para o combate às violações de direitos humanos no Pará.
Dom José Luís Azcona deixa como legado não apenas sua trajetória de serviço à Igreja, mas também a inspiração para que sua luta continue viva nas novas gerações.
(Redação - Cidades em Evidência)
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