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    China testa míssil balístico intercontinental capaz de atingir os EUA pela 1ª vez publicamente em 44 anos

     


    A China anunciou nesta quarta-feira o lançamento de um míssil balístico intercontinental (ICBM) no “alto mar” do Oceano Pacífico. Embora estivesse carregado com uma ogiva fictícia, segundo o Ministério da Defesa chinês, a medida é incomum: acredita-se que foi o primeiro teste do tipo realizado publicamente por Pequim desde 1980. Somado a isso, ele também ocorreu num momento de crescente escrutínio internacional sobre o arsenal nuclear do país — e gerou declarações de preocupação de várias nações. Não está claro se o projétil foi disparado por terra ou de um submarino.

    O lançamento ainda foi feito em um contexto de rivalidade com os Estados Unidos no Oceano Pacífico, tensão com as Filipinas pela soberania no Mar da China Meridional e de hostilidade aberta com Taiwan, uma ilha de governo democrático que Pequim reivindica como parte de seu território. Autoridades chinesas indicaram que o este fazia parte de uma ação “rotineira no nosso plano de treinamento anual” e que o míssil “caiu nas áreas esperadas do mar”. O Ministério da Defesa não forneceu mais detalhes, exceto para dizer que o lançamento não foi direcionado a nenhum país ou alvo específico.

    Um relatório separado da Xinhua, a agência de notícias do governo, disse que a China notificou o(s) país(es) “envolvido(s)” antecipadamente, mas não especificou quais. O jornal britânico The Guardian confirmou com as autoridades das Filipinas que dois Notams (avisos de navegação aérea e marítima) para áreas a noroeste e nordeste do país foram emitidos na segunda-feira. Esses Notams mencionavam operações especiais “conduzidas pela China”, mas não estava claro se as Filipinas foram informadas que a operação envolvia o lançamento de um ICBM.

    O porta-voz do governo japonês, Yoshimasa Hayashi, disse que o Japão não foi informado previamente sobre o lançamento, e que a rápida expansão militar da China é uma “preocupação séria”. O Ministério da Defesa de Taiwan disse apenas que detectou recentemente “intensos” disparos de mísseis e outros exercícios na China, mas não deu mais detalhes. A Nova Zelândia afirmou que o teste chinês foi “inoportuno” e indicou que consultará seus aliados, e a Austrália anunciou que pediu explicações a Pequim, cujo reforço militar, segundo o governo australiano, tem ocorrido “sem transparência”.

    Analistas ouvidos pela imprensa internacional afirmaram que os mísseis provavelmente foram disparados de ou próximos à província chinesa de Hainan, e caíram em algum lugar perto da Polinésia Francesa, uma trajetória de cerca de 11 mil km que se alinha com as informações das Filipinas e um Notam emitido para uma área próxima ao território francês. Esse aviso alertava os usuários do espaço aéreo sobre “a natureza particularmente perigosa” de um voo aeroespacial e os convidava a evitar a área a partir das 8h44 no horário de Pequim (21h44 de terça-feira em Brasília), até o fim do exercício, concluído quase duas horas depois.


    Lançamento incomum

    Em 2022, a China disparou cinco mísseis durante exercícios militares que caíram na zona econômica do Japão. Na época, o então ministro da Defesa japonês, Nobuo Kishi, disse que esses lançamentos “ameaçaram a segurança nacional” do país e a vida da população. Segundo Drew Thompson, pesquisador da escola de políticas públicas Lee Kuan Yew da Universidade Nacional de Singapura, a China testa regularmente foguetes de curto e médio alcance como parte de seu “grande, bem financiado e tecnologicamente avançado programa de mísseis balísticos”. Mas foi incomum testar um ICBM, disse ele.

    Os mísseis balísticos intercontinentais estão entre as armas mais potentes do mundo, com capacidade de transportar cargas nucleares devastadoras. O último lançamento semelhante teria ocorrido há mais de 40 anos, quando a China enviou seu primeiro ICBM desenvolvido, o Dong Feng-5, ao Oceano Pacífico. Especialistas especulam que o míssil intercontinental testado nesta quarta-feira seja um Dong Feng-31, que tem alcance de 12 mil a 15 mil km e é capaz de atingir o território continental dos EUA. Ou, ainda, o seu predecessor, o Dong Feng-31, que pode viajar de 7,2 mil a 8 mil km, podendo atingir países europeus.

    Ao Guardian, Thompson afirmou que lançamentos de testes de ICBMs, como os conduzidos pela Coreia do Norte, costumam ser disparados em alta altitude, ainda percorrendo a longa distância, mas pousando num ponto mais próximo ao local de lançamento do que o que pareceu ser o teste da China nesta quarta-feira. Na avaliação dele, optar por disparar o míssil a longa distância foi “claramente” para enviar uma mensagem, considerando as tensões do país com outras nações e até mesmo a semana da Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

    Em outubro do ano passado, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos afirmou que a China estava desenvolvendo seu arsenal de maneira mais rápida do que o previsto por Washington. Pequim tinha mais de 500 ogivas nucleares operacionais em maio de 2023, segundo o Pentágono, mas provavelmente vai superar a marca de 1 mil até 2030. Na época, o governo chinês criticou as conclusões do governo americano e reafirmou que seu arsenal nuclear, modesto em comparação com o dos Estados Unidos, serve apenas para autodefesa.

    Segundo o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri), os Estados Unidos teriam cerca de 3,7 mil ogivas, e a Rússia, quase 4,5 mil.

    ( o Globo )

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